Entre o expresso de Freud e o objeto transicional de Winnicott, essa imagem brinca com os fundamentos da psicanálise — mostrando que até uma xícara de café pode carregar significados profundos, simbólicos, afetivos… ou simplesmente ser o que você quiser fazer dela.
Um fragmento leve, mas cheio de camadas, como tudo que vale a pena na teoria e na vida.

Neste artigo do médico e escritor J.J. Camargo, somos lembrados de que a gratidão não se limita a gestos protocolares: ela pode surgir como pedido, memória, gesto final. E quando nasce da consciência de termos feito o nosso melhor — ainda que com falhas —, ela se transforma em reconhecimento mútuo. Um fragmento tocante, que atravessa o campo médico, mas que poderia facilmente ser lido sob o olhar da psicanálise: lugar onde vínculo, escuta e presença se tornam cuidado real.

“Para cada palestra que Winnicott era convidado a dar numa das assim chamadas sociedades profissionais de alto nível, ele deu pelo menos uma dúzia em reuniões de assistentes sociais, organizações de assistência à infância, professores, clérigos, e assim por diante. Dava-lhe uma satisfação toda especial falar a pessoas comuns, gente profundamente preocupada em ajudar os outros, fossem estes crianças, adultos em dificuldade ou pessoas perdidas num mundo que não conseguiam enfrentar. Uma das razões para isto era que nesses encontros aprendia mais do que nos debates com seus colegas e suas armaduras intelectuais. Tinha horror aos malabarismos mentais em que, é forçoso admitir, o pensamento psicanalítico contemporâneo cai tão frequentemente.”